
Campos de Carvalho
-
10%
COMPRAR
€18.90€17.01O PÚCARO BÚLGARO
Campos de Carvalho
Filho do comerciante Jonas Carvalho e de Floriscena Cunha Campos Carvalho, Walter Campos de Carvalho nasceu em Uberaba, a 1.º de novembro de 1916. Foi o caçula de uma família de seis irmãos. Ingressou na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, em São Paulo, em 1933, bacharelando-se em 1938. Logo depois, entrou para a Procuradoria Geral do Estado, onde permaneceu até a aposentadoria, aos 53 anos. Na faculdade, aproximou-se do movimento anarquista e colaborou, em meados da década de 1930, no periódico A Plebe. A esse tempo, escreveu também no diário uberabense Lavoura & Comércio. No início dos anos 1950, o trabalho levou-o a deixar a capital paulista, e estabeleceu-se com a esposa, Lygia Rosa de Carvalho, no Rio de Janeiro. Somente retornou a São Paulo no final dos anos 1980.
O rompimento com a tradição religiosa familiar católica ainda aos dezesseis anos foi um fato marcante na vida de Campos de Carvalho. O ateísmo e a aversão aos dogmas e às doutrinas das religiões acompanharam-no desde cedo e foram motivos constantes em sua obra.
Também as mortes de dois irmãos mais velhos lhe causaram profundo impacto: Geraldo, em 1936, e Jonas, em 1952. Em 1963, numa entrevista ao Correio da Manhã, atribuiu a amargura de A chuva imóvel ao desaparecimento de um irmão; possivelmente referia-se a Jonas, o Jonitas, a cuja memória dedicara Tribo.
Banda forra, seu primeiro livro, é de 1941. Em 1952 escreveu Tribo, publicado em 1954, mesmo ano da morte do pai. Sua projeção no cenário da literatura nacional se deu, entretanto, com A lua vem da Ásia, em 1956; uma obra de estilo inusual (para alguns, uma transformação radical dentro do panorama literário
de então), que angariou simpatias e também muita restrição. Depois, publicou Vaca de nariz sutil (1961) e A chuva imóvel (1963). Seu livro predileto, O púcaro
búlgaro, veio em 1964. Em 1965, numa antologia temática da editora Civilização Brasileira, foi publicado o Espantalho habitado de pássaros, seu último texto inédito a circular em livro.
Em 1971, Campos de Carvalho e Lygia viajaram à Europa, numa excursão sem destino prévio. Ao retornar ao Brasil, o casal passou a residir em Copacabana e, algum tempo depois, refugiou-se em Petrópolis.A contribuição do escritor n’O Pasquim data desse período. Com o declínio do jornal, veio o silêncio, que duraria mais de duas décadas. O escritor somente voltou à cena quando a José Olympio reeditou seus principais livros numa Obra reunida de Campos de Carvalho, em 1995.
Campos de Carvalho, que se reconhecia como escritor somente nas quatro novelas que publicou entre 1956 e 1964, morreu em São Paulo, no dia 10 de abril de 1998.