1385: PORTUGAL, UMA RETROSPECTIVA - Tinta da China
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1385: NASCE UMA NOVA DINASTIA
AUTORES: ANTÓNIO CASTRO HENRIQUES, IRIA GONÇALVES, JUDITE FREITAS, MARIA DE LURDES ROSA, MÁRIO FARELO E SAUL ANTÓNIO GOMES

O ano de 1385 marca nesta colecção a entrada numa Idade Média que foi sempre um particular desafio historiográfico. Desde logo porque é difícil na nossa consciência colectiva conseguir identificar a Idade Média por entre a grande massa de «medievalismos», de imagens mais ou menos fantasiosas, que sobre esta época a posteridade foi agregando. A Idade Média é — talvez surpreendentemente para alguns — um terreno de enorme experimentalismo político, social e religioso. Em Portugal, por exemplo, 1385 reveste-se de um carácter especial. Ano de uma crise dinástica que poderia ter resultado na absorção do reino ou, como sucedeu, numa transição bem-sucedida (do nosso ponto de vista) para uma segunda dinastia portuguesa, 1385 foi encarado como desenlace de uma «revolução» (1383-1385) na qual o povo, e em particular o povo urbano de Lisboa, emergiu como actor histórico, sobretudo pela pena genial de Fernão Lopes. Todavia, de tanto ser carregado com sentidos políticos e patrióticos ao longo dos séculos, perde-se de 1385 a noção de que a sociedade portuguesa de então era radicalmente diversa da que viria a formar-se depois, já para não falar da moderna.