1890: PORTUGAL, UMA RETROSPECTIVA - Tinta da China
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1890: O ULTIMATO BRITÂNICO

É possível escrever uma história internacional de Portugal e uma história mundial dos portugueses — e este volume faz ambas as coisas. Em 1890, o governo português recebeu o «Ultimato britânico», reclamando a retirada das suas tropas dos territórios africanos entre Angola e Moçambique. Desencadeou-se uma enorme crise de confiança política e cultural no país, a qual acabou por ser uma das razões principais para o fim da monarquia. Mas este foi apenas um dos muitos momentos dessa «história internacional», a história de como a monarquia, o governo português e as suas instituições tentaram navegar uma versão oitocentista de globalização industrial, colonial e imperial. Neste jogo de equilíbrios, cujo centro de gravidade estava em Berlim, Bruxelas, Paris e Londres, Lisboa esforçava-se para fazer levar a sério as suas pretensões coloniais, ao mesmo tempo que tentava construir em África o novo Brasil que lhe faltava desde a década de 1820. Entretanto, longe dessas discussões, iniciou-se o que poderíamos designar como uma «história mundial dos portugueses»: uma nova dinâmica de migrações do continente para o Brasil, dos Açores e de Cabo Verde para a Costa Leste dos Estados Unidos da América, e até da Madeira para o reino do Havai, no Pacífico. Eis as histórias fascinantes da alta política e da vida material dos portugueses que nos são contadas neste volume.

Hugo Gonçalves Dores

Hugo Gonçalves Dores (Lisboa, 1983) é investigador em pós‑doutoramento no Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra. Tem trabalhado sobre políticas missionárias e educativas no império português em África (séculos XIX e XX). É autor de A missão da República: política, re­ligião e o império colonial português (1910‑1926) (2015). É membro do Centro de Estudos de História Religiosa (Universidade Católica Portuguesa).

José Pedro Monteiro

José Pedro Monteiro é investigador do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, tendo‑se doutorado em História no Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa. No seu trabalho de investigação, tem vindo a estudar, de forma cruzada, os domínios da história internacional e da história imperial e colonial.
Tem, ao longo dos anos, publicado livros e artigos sobre estes temas. Entre outros, em 2017, co‑editou Internationalism, Imperialism and the Formation of the Contemporary World e, em 2018, publicou Portugal e a Questão do Trabalho Forçado: Um Império sob Escrutínio (1944‑1962). Em breve, será lançada a sua monografia The Internationalisation of the «Native» Labour Question in Portuguese Late Colonialism (1945‑1965).
Foi um dos comissários da exposição «O Direito sobre Si Mesmo: 150 Anos da Abolição da Escravatura no Império Português», que esteve patente na Assembleia da República em 2019.

Miguel Bandeira Jerónimo

Miguel Bandeira Jerónimo é professor associado em História na Universidade de Coimbra. Os seus interesses de pesquisa centram‑se na história global e comparada do imperialismo e do colonialismo (séculos XVIII‑XX). Tem publicado com regularidade, em Portugal e no estrangeiro, em editoras e revistas de referência. Recentemente, publicou, em co‑autoria, História(s) do Presente (Tinta‑da‑china/Público, 2020) e co‑editou Internationalism, Imperialism and the Formation of the Contemporary World (Palgrave, 2017), Os Impérios do Internacional (Almedina, 2020) e Visões do Império (Tinta‑da‑china, 2021). Coordena o projecto internacional «The worlds of (under)development: processes and legacies of the Portuguese colonial empire in a comparative perspective (1945‑1975)».