77 ONÍRICAS - Tinta da China
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Nome cimeiro da poesia americana e ocidental, Berryman traduzido pela primeira vez em português, pelo poeta e tradutor Daniel Jonas.
«Em The Dream Songs, poema longo iniciado em 1964 com estas 77 Oníricas, John Berryman encontrou uma linguagem memorável que superava algumas debilidades do chamado ‘confessionalismo’, fundamental na literatura americana a partir dos Life Studies (1959), de Robert Lowell. Aproveitando experiências anteriores com o poema autobiográfico e o monólogo dramático, e pedindo emprestadas técnicas do vaudeville, Berryman fez-se ventríloquo, criando duas personagens que dialogam em quase-sonetos: Henry, também conhecido por Mr Bones, homem de meia-idade, bastante alquebrado; e um amigo, nunca nomeado, que funciona como sua consciência crítica. Henry é um alter ego mal disfarçado e, tal como o poeta, entrega-se ao remorso, à arrogância, à elegia, à libido, ao sarcasmo, à teologia e à diatribe. As suas ‘canções’ têm uma música que é a da língua americana falada, com sotaques, corruptelas sintácticas e gramaticais, conversas introspectivas, regressivas, embriagadas. E parecem ‘sonhos’, interiores e inacessíveis, talvez incomunicáveis. Coloquiais mas eruditos, divertidos e herméticos,estes são poemas perturbadores e intensamente tragicómicos. Houve quem lhes chamasse ‘cartoons freudianos’.»
— P.M.

«Estamos perante qualquer coisa absolutamente inovadora […], não exactamente inteligível, por vezes, frequentemente exasperante, mas dentro da sua opacidade intransigente concedendo uma leitura paradoxalmente corrida e sempre muito divertida, quando não nos faz chorar.»
— Daniel Jonas, Prefácio à tradução

John Berryman

John Berryman nasceu em 1914, no estado norte-americano do Oklahoma. Estudou com distinção em Columbia e em Cambridge. Deu aulas de literatura nas universidades de Princeton, Harvard, Iowa e Minnesota.
Escreveu um estudo biográfico sobre Stephen Crane, ensaios sobre Shakespeare e outros poetas, e deixou um romance autobiográfico inacabado. Os seus primeiros livros de poesia, Poems (1942) e The Dispossessed (1948), de tendência formalista, são tributários de Yeats e de Auden.
Tematicamente, a poesia de Berryman começa a mudar a partir dos sonetos acerca de um adultério (Berryman’s Sonnets, publicados em 1967, mas escritos muito antes). Formalmente, a evolução deu-se com Homage to Mistress Bradstreet (1956), monólogo dramático sobre uma poeta colonial americana. Esse percurso conduziu-o a The Dream Songs (1969), extensa sequência que reúne 77 Oníricas (1964) e His Toy, His Dream, His Rest (1968). Com estes volumes, Berryman venceu o Pulitzer, o Bollingen e o National Book Award. Seguiu-se Love & Fame (1970), sendo já póstuma a colectânea Delusions, etc. (1972).
Maníaco-depressivo e alcoólico, assombrado pelo suicídio do pai e por uma vida conjugal tumultuosa, John Berryman atirou-se de uma ponte sobre o Rio Mississípi a 7 de Janeiro de 1972.