
Álbum ilustrado da exposição com o espólio de arte africana da Colecção Berardo.
«A actual exposição apresenta diferentes aspectos da arte africana. De forma a salientar o seu carácter informativo, optou‑se por dividir a colecção cronológica e etnograficamente. Qualquer um que visite esta exposição, quer seja uma criança quer um coleccionador de arte africana, poderá encontrar algo interessante. Há uma secção arqueológica, uma secção etnográfica e uma secção de arte contemporânea. Considerou‑se relevante – por razões óbvias – pôr em destaque as antigas colónias portuguesas em África. Ao longo do texto do catálogo, foram imbricados alguns pontos focais, de modo a proporcionar ao público uma maior compreensão sobre o que os povos africanos desejam expressar através da sua arte.
Para começar, temos os vestígios arqueológicos da chamada cultura Bura‑Asinda‑Sika no Níger – uma sociedade que se encontra totalmente extinta. Essas magníficas cerâmicas eram originalmente utilizadas como objectos de uso funerário, ou como urnas funerárias. Podem ser, de grosso modo, divididas em duas grandes categorias: as cerâmicas que se assemelham claramente, de uma forma abstracta mas reconhecível, a figuras humanas; e os potes de cerâmica – que frequentemente não ostentam qualquer decoração – e que serviam para a mesma função. De facto, por toda a África, é possível encontrar este tipo de cerâmica – tanto antiga como moderna. Um exemplo seria a arte em terracota da cultura Nok na Nigéria. Uma cabeça delicadamente modelada surge aqui como um indício do que teria sido outrora uma sociedade em florescimento artístico. De natureza similar, a cabeça de terracota dos Akan do Gana é uma relíquia de uma outrora vibrante arte funerária. Apesar de não ser tecnicamente uma peça antiga, a escultura em marfim de estilo afro‑português também foi colocada nesta secção. Trata‑se, de facto, de uma cópia de um conhecido artefacto datado do século XV…»
— Geert G. Bourgois