BIBLIOTECA - Tinta da China
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O tempo em Santo Agostinho, o desconcerto do mundo em Camões, a questão do sentido em Hofmannsthal, a fé em Kierkegaard, a verdade em Pirandello, a lei em Kafka, a cidade em Balzac, o exílio em Jünger, a traição em Claudel, a misantropia em Cioran, a melancolia em Burton, a amizade em Sarraute. E o amor em Kleist, Dostoiévski ou Cohen.

Biblioteca é uma autobiografia por interpostas leituras. Há afinidades electivas, muitas, mas também encontros inesperados, no momento justo. Algumas crónicas surgiram como homenagens ou obituários, nomeadamente a Agustina ou a Herberto. Outras parodiam, através de colagens de textos, a soberba dos sábios (em Camilo), a política como iluminismo e paranóia (nos irmãos Strugatski) ou o espírito vingativo (em Baudelaire).

Do elogio das enciclopédias como «imagem do mundo» a uma elegia sobre a precariedade dos livros, Biblioteca é, tal como Cinemateca (2013), um catálogo de obsessões, cumplicidades, esperanças e desamparos.

Pedro Mexia

Pedro Mexia nasceu em Lisboa, em 1972. Licenciou‑se em Direito pela Universidade Católica. Escreveu crítica literária e crónicas para os jornais Diário de Notícias e Público. Actualmente colabora com o semanário Expresso. É um dos membros do Programa Cujo Nome Estamos Legalmente Impedidos de Dizer (SIC Notícias) e mantém, com Inês Meneses, o programa PBX. Foi subdirector e director interino da Cinemateca.
Publicou sete livros de poesia, antologiados em Poemas Escolhidos (2018). Editou os volumes de diários Fora do Mundo (2004), Prova de Vida (2007), Estado Civil (2009), Lei Seca (2014) e Malparado (2017), e as colectâneas de crónicas Primeira Pessoa (2006), Nada de Melancolia (2008), As Vidas dos Outros (2010), O Mundo dos Vivos (2012), Cinemateca (2013), Biblioteca (2015), Lá Fora (2018, vencedor do Grande Prémio de Crónica da Associação Portuguesa de Escritores) e Imagens Imaginadas (2019).
Organizou um volume de ensaios de Agustina Bessa‑Luís, Contemplação Carinhosa da Angústia; a antologia Verbo: Deus como Interrogação na Poesia Portuguesa [com José Tolentino Mendonça]; O Homem Fatal, crónicas escolhidas de Nelson Rodrigues; e Nada Tem já Encanto, antologia poética de Rui Knopfli. Traduziu Robert Bresson, Tom Stoppard, Hugo Williams, Martin Crimp e David Mamet. Coordena a colecção de poesia da Tinta‑da‑china e dirige, com Gustavo Pacheco, a revista Granta em Língua Portuguesa. Em 2015 e 2016 integrou o júri do Prémio Camões.