BRONCO ANGEL, O COW-BOY ANALFABETO - Tinta da China
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Uma novela humorística escrita sob o pseudónimo William Faulkingway, publicada como folhetim no jornal satírico O Bisnau, na década de 1980.

«De uma forma ou de outra, quase tudo é riso em Fernando Assis Pacheco. Fazer troça da própria dor pode ser um poderoso analgésico. Uma pessoa sofre, uma pessoa comove-se, uma pessoa chora, mas no instante em que o sofrimento ameaça tornar-se autocomplacência é altura de sabotar a mariquice com uma boa gargalhada. A farsa é capaz de ser a arma mais eficaz de que dispomos perante a tragédia. Ou, pelo menos, a melhor maneira de lhe empatarmos o passo, já que o resultado final está escrito de antemão.»
— Carlos Vaz Marques

«Eu nasci de catorze meses, que é assim um bocadinho prematuro ao contrário, e foi por causa que a minha mãe não queria alcançar mas depois distraiu-se e o meu pai disse:
‘Olha, se for rapariga chama-se Custódia’, mas nasci eu.
Quando eu nasci, a parteira olhou muito para mim e exclamou:
‘Este moço é mais feio do que uma embalagem de fósforos de cozinha!’
Isto são coisas que eu ouvi contar e não ligo, porque realmente se fosse a ligar emigrava mas era para o Alasca e nunca mais punha os pés em Crow Junction, ora essa. A parteira nem levou dinheiro pelo serviço, ficou cheia de pena. Diz-se que disse à madrinha:
‘Mais valia ter nascido de sete meses, para vocês se irem habituando. Agora de catorze…’»

Ilustrações originais de João Fazenda

Fernando Assis Pacheco

Fernando Assis Pacheco nasceu em Coimbra, em 1937. Licenciou-se em Germânicas, escreveu na Vértice e fez teatro no TEUC e no CITAC. Entre 1961 e 1965 cumpriu serviço militar em Portugal e em Angola. Jornalista de profissão, escreveu em diversas publicações (Diário de LisboaRepúblicaJLSe7eO JornalVisão) e colaborou com a RTP.
Publicou uma dezena de livros de poemas e plaquetes de circulação restrita, entre os quais Cuidar dos Vivos (1963), Catalabanza, Quilolo e Volta (1972, 2.ª edição 1976), Memórias do Contencioso (1980) e Variações em Sousa(1987). Em 1991 reuniu os seus poemas em A Musa Irregular, edição da Hiena. Respiração Assistida sai em edição póstuma, em 2003. É também autor de uma novela (Walt, 1978) e de um romance picaresco (Trabalhos e Paixões de Benito Prada, 1993).
Traduziu Pablo Neruda e Gabriel García Márquez. Postumamente vieram a lume livros de entrevistas e de crónicas, como as Memórias de Um Craque (2005). Morreu em Novembro de 1995, à porta de uma livraria de Lisboa.