
Um retrato do Chade e dos campos de refugiados na fronteira com o Darfur.
«O Darfur é uma região a oeste do Sudão, que faz fronteira com todo o leste do Chade e uma pequena parte também com a Líbia e a República Centro-Africana. A partir de 2003, as tensões existentes nesta região de escasso desenvolvimento do Sara adquiriram visibilidade internacional devido à revolta de grupos rebeldes armados, que acusaram o governo de Cartum de oprimir os não árabes da região. O governo reagiu a essa revolta com bombardeamentos aéreos, e milícias de tribos árabes nómadas, avançando por terra e a cavalo, começaram a atacar as aldeias e povoações do Darfur, pilhando, incendiando e assassinando as suas gentes. Obrigaram os habitantes a fugirem das suas terras, a procurarem refúgio em campos de deslocados ou a atravessarem a fronteira rumo ao Chade. Milhares de refugiados acumulam-se a leste do Chade, numa zona inóspita, passando a depender do apoio internacional das organizações humanitárias. Fala-se em genocídio. Parti com o desafio de tentar mudar alguma coisa ou, pelo menos, desempenhar da melhor forma possível o papel que me foi atribuído. Como dizia Scott Fitzgerald: ‘Deveríamos ser capazes de ver que as coisas são inevitáveis e de manter a decisão de as transformar.’»
Sandra Ferreira
Sandra Ferreira (1970) é licenciada em Engenharia Química, com mestrado internacional em Medicina Humanitária. Trabalha há mais de 15 anos em cooperação para o desenvolvimento, essencialmente na área da saúde.
Foi uma das fundadoras da organização Médicos do Mundo Portugal, onde trabalhou como directora de projecto e depois como directora executiva, até 2002. Foi responsável de saúde na Agência Técnica da Cooperação Espanhola em Moçambique até 2005. Coordenou vários projectos de emergência e de desenvolvimento e fez consultorias para a elaboração de programas, monitorias e avaliações junto de diversas instituições de cooperação internacional e governos (em países como o Afeganistão, Angola, Burundi, Cabo Verde, Chade, Guiné-Bissau, Mali, Moçambique, S. Tomé e Príncipe, Senegal, Timor-Leste). Em 2005, dirigiu uma organização francesa, a Agência de Cooperação Técnica para o Desenvolvimento (ACTED), no Chade.
É colaboradora do Programa Gulbenkian de Ajuda ao Desenvolvimento.