CONTOS PLAUSÍVEIS - Tinta da China
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CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE VOLTA À COLECÇÃO «OS MELHORES DELES TODOS»: AGORA EM PROSA

«Não há muitos prosadores, entre nós, que tenham consciência do tempo, e saibam transformá-lo em matéria literária»: o diagnóstico, feito pelo próprio Carlos Drummond de Andrade no seu primeiro livro de prosa, Confissões de Minas (1944), pode ser usado a favor dele.
É evidente nestes Contos Plausíveis que Drummond é um desses raros prosadores que transformam a consciência do tempo em matéria literária. Isso dá-se com especiais resultados nos breves contos que compõem este volume, editado originalmente em 1981 com textos da coluna que assinou ao longo de anos no Jornal do Brasil. «Como estou bem nesta poltrona de humorista inglês», diria decerto o Carlos poeta ao prosador, iluminando a extraordinária experiência de leitura que aqui nos oferece, numa das versões mais agudamente bem-humoradas do seu sentimento do mundo (e do imundo). Guimarães Rosa sumarizou em superlativo: «Carlos Drummond de Andrade é, a meu ver,
o maior prosador do idioma, e dificilmente será superado.»

OS MELHORES DELES TODOS
A literatura brasileira pode dividir-se em duas linhagens de escritores: a dos que se integram no movimento para dar aos brasileiros uma literatura a que possam chamar «nossa», e a dos que aderem ao ideal de uma literatura que faz estrangeiro quem a reconheça como sua. Esta «biblioteca concisa» é uma muitíssimo selecta representação do segundo grupo. Os melhores deles todos, precisamente.
Colecção dirigida por Abel Barros Baptista e Clara Rowland.

Carlos Drummond de Andrade

Carlos Drummond de Andrade nasceu em Itabira do Mato Dentro, interior de Minas Gerais, a 31 de Outubro de 1902, nono filho de um fazendeiro. Estudou em colégios internos, sendo expulso de um deles por «insubordinação mental». Na década de 1920, já a viver em Belo Horizonte com a família, licencia‑se em Farmácia, mas nunca exerce, dedicando‑se ao jornalismo e à literatura. Em 1928 publica numa revista «No meio do caminho», um dos poemas mais controversos do modernismo brasileiro, movimento cujas principais figuras entretanto conhecera. Em 1930 sai o seu primeiro livro, Alguma poesia. Em 1934, muda‑se para o Rio de Janeiro, onde trabalhará no gabinete do Ministro da Educação e Saúde Pública e mais tarde na Diretoria do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, instituição onde se mantém até à reforma. Da sua bibliografia, destacam‑se livros como Sentimento do mundo (1940), A rosa do povo (1945), Claro enigma (1951), Fazendeiro do ar (1954), Lição de coisas (1962) ou As impurezas do branco (1973), além de uma actividade de seis décadas como cronista, nomeadamente no Jornal do Brasil. Morreu no Rio, a 17 de Agosto de 1987, poucos dias depois de perder a filha, Maria Julieta.