
GRANDE PRÉMIO DE ROMANCE E NOVELA APE 2015
Estamos em 1963, dois anos volvidos sobre a expulsão dos portugueses da Índia. Os territórios de Goa, Damão e Diu encontram-se sob o domínio ainda ambíguo do governo indiano, mas, nas ruas, o concacim e o inglês convivem a toda a hora com um sub-reptício português, os letreiros das lojas ainda mal apagados, a religião ecléctica com as marcas de Cristo, os edifícios e a cultura no limbo de um colonialismo defunto.
«O que se destaca neste livro é o muito que o autor conhece sobre a história do lugar, as marcas da presença portuguesa (as marcas arquitectónicas e as outras), o ambiente, a geografia. Era Uma Vez em Goa é em parte uma história intelectual inventada, em parte história tout court, em parte ainda um conjunto de observações de quem passou muito tempo na Índia com os olhos abertos, e que se dá agora a liberdade de poder escrever sem fundamentação precisa. Como nos outros romances do Paulo Varela Gomes, como nas crónicas de Ouro e Cinza, a descrição é vívida, detalhada, rigorosa, evocativa. Lê-se não tanto como a história de uma viagem, mas com a impressão de que o autor aproveitou, com estas páginas, sentado à secretária, ao computador, para viajar mais uma vez por Goa. E é o próprio lugar que é o protagonista.»
— Ivan Nunes, Prefácio
Paulo Varela Gomes
Paulo Varela Gomes (1952-2016) foi professor dos ensinos secundário e superior até se reformar em 2012, autor de artigos e livros da sua área de especialidade (História da Arquitectura e da Arte), colaborador e cronista permanente de vários jornais e revistas, designadamente do Público, autor e apresentador de documentários de televisão. Escreveu o livro de crónicas Ouro e Cinza, os romances O Verão de 2012, Hotel (Prémio PEN Narrativa 2015), Era Uma Vez em Goa (Grande Prémio de Romance e Novela APE 2015) e Passos Perdidos, e o livro de contos A Guerra de Samuel. Em 2015, publicou na revista Granta o texto «Morrer é mais difícil do que parece».