
O clássico que estabeleceu o cânone da moderna literatura de viagens e que tem servido de inspiração aos grandes escritores contemporâneos.
«Um livro total, tão erudito quanto divertido, tão vivo quanto inventivo, por vezes ensaio, por vezes comédia, por vezes cinema, por vezes delírio, e todo o tempo como se não fizesse esforço. Se não há muitos livros assim, e não há outro igual, é porque o mundo não gera muitos pensadores que também sejam humoristas que também sejam viajantes, e ponham fogo em tudo.»
— Alexandra Lucas Coelho, Prefácio
Em 1933, Robert Byron partiu com a sua excêntrica personalidade numa viagem pelo Médio Oriente, passando por Beirute, Jerusalém, Bagdade e Teerão, tendo por destino final Oxiana — a região do rio Oxus, antigo nome do Amudária, que servia de fronteira entre o Afeganistão e a União Soviética. A chegada ao seu destino, a lendária Torre de Qabus, embora uma maravilha por si só, é muito menos extraordinária do que o registo profundamente cativante, e por vezes cómico, das suas aventuras.
Robert Byron
Robert Byron — como seria de suspeitar pelo apelido — tinha parentesco, ainda que bastante afastado, com Lord Byron, e nunca se cansava de lembrar esse facto. Nasceu em 1905 e foi aluno de Eton. Frequentou o Merton College, em Oxford, de onde acabou por ser expulso, dados «os seus modos hedonistas e rebeldes». Abandonou assim o percurso académico, mas iniciou uma deambulação geográfica.
Viajou pelos lugares mais díspares: o Monte Atos, a Índia, a União Soviética e o Tibete. Começou a publicar os seus relatos de viagem em 1926, após uma viagem pela Europa. Descobriu que o apelido Byron lhe abria inúmeras portas na Grécia, mas nesse país escarneceu de templos e ânforas, de tudo quanto deveria deslumbrar o viajante. Em 1933, quando visitou a Pérsia e o Afeganistão, viagem que relatou em A Estrada para Oxiana, não lhe interessavam tanto as afamadas ruínas de Ispaão quanto uma desapercebida torre do século XI, o Gonbad‑e Qabus, de novo se evidenciando o desprezo de Byron pelo lugar‑comum, bem como um invulgar eclectismo.
Byron ficou também conhecido como crítico de arte e historiador, mas foi enquanto correspondente de guerra de um jornal londrino que, em 1941, acabou por morrer. O navio em que viajava com destino à África Ocidental foi torpedeado pelos alemães, ainda ao largo da Escócia.