FALAR É FÁCIL - Tinta da China
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«Estão aqui representadas algumas das minhas opiniões sobre vários assuntos. Tenho outras opiniões diferentes sobre os mesmos assuntos, mas achei que não fazia muito sentido estar a contradizer­-me no próprio livro.»

«Zé Diogo Quintela tem qualquer coisa de Pinheiro de Azevedo. Um Pinheiro de Azevedo que tivesse ficado na reserva territorial. Às vezes o humorista parece violento, ao menos para os padrões muito brandos dos ‘humores nacionais’, mas é uma impressão apressada. Zé Diogo não é violento: quando muito está chateado. […]
Se o Zé Diogo se chateia é porque estava num estado hedonista e ronronante, como se fosse o Garfield. Quase todas estas crónicas revelam um gosto pelas coisas boas da vida, essas que, já se sabe, são ilegais, imorais ou engordam.
As piadas aparentemente autodepreciativas não depreciam nada, pois os prazeres que a gordura dificulta são compensados pelos prazeres que provocam a gordura. A comidinha, o ócio, uma vida decididamente incorrecta do ponto de vista gastronómico, ecológico, cardíaco e tudo. […]
Não sendo de esquerda, o excelente jogral sente-se dispensado de carregar o mundo às costas, até porque, lá está, sempre se evita uma hérnia discal. Um humor quintelista parte de uma única reivindicação: “um nível de aconchego aceitável”. Isso explica que quase todos os textos gozem com as leis, as instituições e as modas que prejudicam o aconchego. Não é só o órgão de soberania estar cercado por metalúrgicos, é também isso hoje não me dar jeito nenhum.»
— Pedro Mexia

Zé Diogo Quintela

Zé Diogo Quintela nasceu em 1977, em Lisboa. Tem quase um curso de Comunicação Social, pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas.
Em 2003, juntamente com Tiago Dores, Miguel Góis e Ricardo Araújo Pereira, formou o grupo humorístico Gato Fedorento. Começou a escrever crónicas no Independente. Escreve semanalmente no jornal A Bola e na revista Pública.