
ENSAIOS QUE COLOCAM FERNANDO PESSOA «NUM VASTO CONTEXTO TRANSNACIONAL E INTERPOÉTICO»
Prémio de Ensaio Jacinto do Prado Coelho 2022
Grande Prémio de Ensaio Manuel Gusmão APE | C. M. de Évora − 2021/2022
Na literatura comparada, o conceito de «influência» preside ao estudo e teorização das relações entre poetas. Inspirando-se em Walter Benjamin («As ideias estão para as coisas como as constelações para as estrelas»), Maria Irene Ramalho propõe uma inovadora interpretação de Fernando Pessoa e da poesia lírica, assente no conceito de «constelação» – a poesia está para os poetas como as constelações para as estrelas. Poetas que não precisam de estar em contacto, ou em conjunção, para serem lidos como parte de uma mesma constelação.
Pela criação dos «poemas inconjunctos» do heterónimo Alberto Caeiro, Pessoa sublinha a traço mais grosso ainda a sua radical desmistificação dos conceitos de autor e de influência poética, entrando assim em diálogo com poetas que nunca leu, e a literatura comparada atinge uma nova dimensão. Diz António Ramos Rosa: «O mundo não é o mundo sem a cintilante caligrafia das constelações.» É desta cintilante caligrafia feita de comparações imprevistas que trata Fernando Pessoa e Outros Fingidores.
Colecção dirigida por Jerónimo Pizarro
Maria Irene Ramalho
Maria Irene Ramalho é professora jubilada da Faculdade de Letras e investigadora do Centro de Estudos Sociais (Universidade de Coimbra). De 1999 a 2018, foi International Affiliate do Department of Comparative Literature (University of Wisconsin-Madison). É autora de Atlantic Poets: Fernando Pessoa’s Turn in Anglo-American Modernism (2003; ed. br. 2007, ed. pt. 2008) e «Poetry in the Machine Age» (The Cambridge History of American Literature, vol. v, 2003), co-organizadora (com Mario Materassi) de The American Columbiad (1996), (com António Sousa Ribeiro) de Translocal Modernisms (2008), (com Doris Friedensohn) de Transnational, Post Imperialist American Studies? (2010), (com Adriana Bebiano) de Estudos Feministas e Cidadania Plena (2010) e (com Isabel Caldeira e Maria José Canelo) de America Where? (2012). Em 2008 foi-lhe atribuído o Prémio Mary C. Turpie (American Studies Association). É organizadora de seis volumes de Poesia do Mundo (1995, 1998, 2001, 2004, 2007 e 2010). Entre os seus trabalhos nos últimos cinco anos contam-se: «Europe and America. An Age-Old Relationship Revisited» (2017); «What the Poet Meant. Teaching Wallace Stevens to Portuguese Students» (2017); (com Adriana Bebiano) «A Revista Crítica de Ciências Sociais e o Feminismo» (2018); «Zombo: A musa incansável de Alberto Pimenta» (2019); «Eukié: Maria Velho da Costa and the Absurd» (2019); «‘E o que era ser são?’ Intersexualidades e vidas vivíveis» (2019); «‘What’s in a Name?’ Utopia – Sociology – Poetry» (2020) e «Os nadas de Emily Dickinson», sobre Poemas envelope, de Emily Dickinson (2020).