FRENTES DE FOGO - Tinta da China
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«Intensificando um tom elegíaco que começou em Como se Bosch Tivesse Enlouquecido (2003), o novo livro de A.M. Pires Cabral relembra coisas esquecidas, coisas extintas, coisas que mais valera não relembrar, porque aconteceram há muitas décadas e agora é tarde. Que memórias são essas? São casas, árvores, raparigas, imagens que passaram em tempos pela retina de uns ‘olhos com que vimos tanta coisa’.
Mais pessimista do que o pessimista Pessanha, Pires Cabral medita melancolicamente sobre a idade, ‘telescópio de limitado alcance’ que muito acumula e pouco ensina, ‘inútil idade’. De que servem os versos, o que dizer aos filhos, que Deus é esse que já não se manifesta, que sentido tem tudo isto? O concreto torna-se então alegórico, o tempo é uma casa alugada, as árvores que julgámos imortais foram abatidas, as formigas mostram que ‘todo o comestível é um destino idóneo’. Job às avessas, incapaz de aceitar com resignação o inevitável, atormentado por uma insistente visita, o mofino Mister P, o poeta não entra docemente em noites escuras. Por mais que tenha de ‘varrer a eira’ ou ‘meter a viola no saco’, este sujeito inconformado e sarcástico não vai às boas. Faz má cara, deita a língua de fora, toca um requiem mas sob protesto.»
— Pedro Mexia

A.M. Pires Cabral

A.M. Pires Cabral nasceu em Chacim, Macedo de Cavaleiros, em 1941. Licenciou-se em Filologia Germânica. Foi professor e animador cultural, responsável pela participação de Vila Real no Projecto 5.2 do Conselho da Europa («Políticas Culturais nas Cidades») e co-organizador das Jornadas Camilianas de Vila Real. É conhecido sobretudo como ficcionista e poeta.
Na área da ficção, publicou até ao momento oito livros de contos e seis romances, tendo ganho o Prémio Círculo de Leitores (com Sancirilo), o Grande Prémio de Conto Camilo Castelo Branco (com O Porco de Erimanto) e o Grande Prémio de Literatura DST (com O Cónego). Antes deste O Quartel, publicou nesta mesma colecção o romance Feliciano (2021). A.M. Pires Cabral nasceu em Chacim, Macedo de Cavaleiros, em 1941. Licenciou-se em Filologia Germânica. Foi professor e animador cultural, responsável pela participação de Vila Real no Projecto 5.2 do Conselho da Europa («Políticas Culturais nas Cidades») e co-organizador das Jornadas Camilianas de Vila Real. É conhecido sobretudo como ficcionista e poeta.
Na área da ficção, publicou até ao momento oito livros de contos e seis romances, tendo ganho o Prémio Círculo de Leitores (com Sancirilo), o Grande Prémio de Conto Camilo Castelo Branco (com O Porco de Erimanto) e o Grande Prémio de Literatura DST (com O Cónego). Antes deste O Quartel, publicou nesta mesma colecção o romance Feliciano (2021). Na área da poesia, estreou-se em 1974 com Algures a Nordeste e publicou até hoje 20 títulos. Foram-lhe atribuídos o Prémio D. Dinis (com Que Comboio É Este e Douro: Pizzicato e Chula), Prémio Luís Miguel Nava (com As Têmporas da Cinza), PEN Clube (com Arado), Prémio Autores SPA 2014 (com Gaveta do Fundo), Prémio Nacional Literário João de Deus 2021 (com Frentes de Fogo). Caderneta de Lembranças, o seu mais recente livro de poemas, foi distinguido em 2022 com o Prémio de Poesia António Gedeão e com o Prémio Ruy Belo.