GRANTA 10 - Tinta da China
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«A minha memória da revolução é pueril: um grito ao amanhecer anunciando guerra em Lisboa entrelaçado com a promessa de que acabou o tempo das reguadas e com uma aula de canto coral. A imagem que me ocorre não tem cravos vermelhos no cano das metralhadoras. Não é também a dos sans-cullote a avançarem sobre a Bastilha, nem a do assalto ao Palácio de Inverno, reconstituído por Eisenstein. Essas são revoluções sem nada de pueril. Foram feitas de sangue e fúria. Talvez também de sonhos, mas é frequente os anseios revolucionários envelhecerem mal. Nesta Granta, evocando o centenário da Revolução Russa, revisitamos sonhos e pesadelos, deixando aos historiadores e aos sociólogos a tarefa de interpretarem, com a objectividade possível, as grandes transformações sociais a que damos o nome de revoluções. O que a literatura investiga é de outra natureza: subjectivo, íntimo, ínfimo.»
— Carlos Vaz Marques

Textos de: Mouna Abouissa, Golgona Anghel, Mário de Carvalho, Isabela Figueiredo, Jen George, Milan Kundera, Susana Moreira Marques, Rui Cardoso Martins, Pola Olaixarac, Andrei Platónov, João Tordo
Ensaio fotográfico de Alfredo Cunha
Ilustrações de Cristina Sampaio
Capa de André Carrilho 

Carlos Vaz Marques

Carlos Vaz Marques (1964) é jornalista, tradutor e editor.
É co-autor e coordenador do Programa Cujo Nome Estamos Legalmente Impedidos de Dizer, que sucede ao programa Governo Sombra, criado em 2008 na companhia de Pedro Mexia, João Miguel Tavares e Ricardo Araújo Pereira, e actualmente emitido pela SIC Notícias.
É autor premiado também na rádio como na televisão, destacando-se, entre essas distinções, o Prémio de Jornalismo Científico pela reportagem «Dari, Primata Como Nós», sobre os chimpanzés da Guiné-Bissau, e o Prémio Autores, conquistado por três vezes: com o programa radiofónico Pessoal e… Transmissível, com o programa Governo Sombra e com a série documental emitida pela RTP Herdeiros de Saramago.
Foi, até 2018, o director da revista literária Granta Portugal, publicada pelas Edições Tinta-da-china desde 2013.
Dirige, também na editora Tinta-da-china, a Colecção de Literatura de Viagens, já com mais de meia centena de títulos publicados.
Traduziu mais de uma dezenas de obras literárias e tem quatro livros de entrevistas publicados, um deles no Brasil.