GRANTA em Língua Portuguesa 6 - Tinta da China
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«In memoriam de quê, de quem? Como nos alerta um dos textos desta edição, devemos seguir a prática avisada de um grande biógrafo inglês, Richard Holmes: escrever na página da direita os factos sobre o biografado e na página da esquerda as ‘impressões, interpretações, dúvidas, dificuldades’. Qualquer exercício de memória, como qualquer in memoriam, consiste nessa coexistência de factos e ideias sobre os factos, instável nuvem de imagens, incertezas, ficções.»
— Pedro Mexia

«Lembrar é sempre lembrar de algo que não existe mais. Nesse sentido, toda memória remete à transitoriedade da vida: ‘Tudo é efêmero, tanto quem se lembra quanto aquilo que é lembrado’, diz uma das Meditações de Marco Aurélio. Todo memento é, em alguma medida, memento mori, e os textos que você lerá a seguir estão aqui para nos lembrar disso.
Cabe muita coisa na memória, esse ‘aposento amplo e infinito’, nas palavras de Santo Agostinho, e estas páginas são uma sólida amostra dessa variedade. Aqui estão memórias de familiares que se foram, de amores que se foram, de cidades que se foram – e múltiplas maneiras de lidar com essas perdas e com as lembranças dessas perdas.»
— Gustavo Pacheco

Textos: André Aciman, Socorro Acioli, Ronaldo Bressane, Philip Ó Ceallaigh, J.M. Coetzee, António Mega Ferreira, Aline Frazão, Luísa Costa Gomes, Fleur Jaeggy, Itamar Vieira Junior, Doris Lessing, Helena Machado, Alberto Manguel, Leonard Michaels, Lorrie Moore, Catarina Mourão, Maria Antónia Oliveira, Georges Perec
Direcção de imagem: Daniel Blaufuks
Ensaios fotográficos: Tatiana Macedo e Rosângela Rennó

Gustavo Pacheco

Gustavo Pacheco nasceu no Rio de Janeiro em 1972. É doutor em Antropologia pelo Museu Nacional / Universidade Federal do Rio de Janeiro. Publicou o seu primeiro livro, Alguns Humanos, em 2018.
Co-dirige a revista literária Granta em Língua Portuguesa, é cronista da revista Época e traduziu livros de Roberto Arlt, Julio Ramón Ribeyro e Patricio Pron. Como diplomata, trabalhou em Buenos Aires, na Cidade do México e em Brasília, onde vive actualmente.

Pedro Mexia

Pedro Mexia nasceu em Lisboa, em 1972. Licenciou‑se em Direito pela Universidade Católica. Escreveu crítica literária e crónicas para os jornais Diário de Notícias e Público. Actualmente colabora com o semanário Expresso. É um dos membros do Programa Cujo Nome Estamos Legalmente Impedidos de Dizer (SIC Notícias) e mantém, com Inês Meneses, o programa PBX. Foi subdirector e director interino da Cinemateca.
Publicou sete livros de poesia, antologiados em Poemas Escolhidos (2018). Editou os volumes de diários Fora do Mundo (2004), Prova de Vida (2007), Estado Civil (2009), Lei Seca (2014) e Malparado (2017), e as colectâneas de crónicas Primeira Pessoa (2006), Nada de Melancolia (2008), As Vidas dos Outros (2010), O Mundo dos Vivos (2012), Cinemateca (2013), Biblioteca (2015), Lá Fora (2018, vencedor do Grande Prémio de Crónica da Associação Portuguesa de Escritores) e Imagens Imaginadas (2019).
Organizou um volume de ensaios de Agustina Bessa‑Luís, Contemplação Carinhosa da Angústia; a antologia Verbo: Deus como Interrogação na Poesia Portuguesa [com José Tolentino Mendonça]; O Homem Fatal, crónicas escolhidas de Nelson Rodrigues; e Nada Tem já Encanto, antologia poética de Rui Knopfli. Traduziu Robert Bresson, Tom Stoppard, Hugo Williams, Martin Crimp e David Mamet. Coordena a colecção de poesia da Tinta‑da‑china e dirige, com Gustavo Pacheco, a revista Granta em Língua Portuguesa. Em 2015 e 2016 integrou o júri do Prémio Camões.