
Álbum que conta a história do cinema português, desde os filmes mudos até 2008, analisando a evolução da sétima arte em Portugal. Profusamente ilustrado, revê mais de cinquenta filmes, documentados com cartazes, fotografias de cena, fotografias de rodagem e fotogramas.
«O cinema feito em Portugal esteve, desde o primeiro momento, sujeito a um escrutínio público muito maior do que qualquer outra arte. Grande parte deste debate girou em torno da possibilidade, ou da necessidade, de o cinema português se construir como uma cinematografia nacional distinta de todas as outras, com temas próprios, um estilo autónomo e uma relação privilegiada com os espectadores do seu país de origem. Era isso realizável e desejável, ou não? E teria efeitos positivos no sucesso dos filmes portugueses, ou não? Houve respostas para todos os gostos, porque o que uma ‘cinematografia nacional’ devia ser teve sempre as mais variadas interpretações e nunca deixou de mudar ao longo do tempo. O único dado certo, a única constante do cinema português foi, para o melhor e para o pior, o próprio cinema português. Onze décadas de invenção permanente sobre o que o ‘nosso’ cinema devia ou não ser, sobre os temas que ele devia ou não abordar e sobre o modo como o deveria ou não fazer, dizem-nos muito mais sobre as expectativas depositadas no cinema português do que sobre o cinema feito em Portugal propriamente dito. A distinção entre uma coisa e outra não é um mero jogo de palavras. Serve para separar algo que sempre existiu – os filmes portugueses – de algo que, em rigor, nunca passou de uma ideia – a ‘nossa’ cinematografia nacional, o «cinema português». A força desta ideia, porém, assombrou todo o cinema feito em Portugal e acabou por determinar quase tudo o que ele foi e quase tudo o que se pensou e escreveu acerca dele.»
— Tiago Baptista
Tiago Baptista
Tiago Baptista nasceu em Lisboa, em 1976.
Trabalha como conservador do Arquivo Nacional das Imagens em Movimento da Cinemateca Portuguesa-Museu do Cinema desde 2002, onde tem desenvolvido várias pesquisas sobre a história do cinema português e colaborado em projectos de restauro de filmes. Tem-se dedicado às relações entre cinema português e nacionalismo e a questões de conservação e restauro cinematográfico, temas sobre os quais escreveu vários artigos em Portugal e no estrangeiro.
É autor de uma dissertação de mestrado em Ciências da Comunicação intitulada «Tipicamente Português: O Cinema Ficcional Mudo em Portugal» (2004). Organizou, em 2003, Lion, Mariaud, Pallu: Franceses Tipicamente Portugueses, e publicou As Cidades e os Filmes: Uma Biografia de Rino Lupo, ambos editados pela Cinemateca Portuguesa.