MAIAS - Tinta da China
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«Os Maias encerram um pensamento, destinam-se a fazer pensar. […] Mas o que domina como objecto de reflexão é Portugal, personagem oculta por detrás das personagens visíveis. […] O projecto global de escrever, de explicar Portugal como problema, é, no romance, o seu mais forte princípio de unidade.»,
— Jacinto do Prado Coelho

«A arquitectura do romance conjuga expressões extremas de duas tendências, cujo conflito é notório ao longo da carreira de Eça: a tipificação flagrante de uma dada interacção humana, que aqui se traduz por um largo cosmorama e por descrições minuciosas de vários ambientes sociais lisboetas colhidos […] e a alegoria (afinal romântica, embora intencionalmente ironizada) de um sonho divino que se degrada numa coisa imunda, ou, noutros termos, de um destino patético sempre contíguo a uma comédia grotesca, e com traços obviamente alheios ao código da verosimilhança naturalista. […] Este romance parece realizar um paradoxo: assinala, sob certos aspectos, o apogeu da técnica deliberadamente naturalista de Eça, mas trai uma irreprimível idealidade, que se exaspera ao chocar contra um tabu moral.»,
— A.J. Saraiva & Óscar Lopes, História da Literatura Portuguesa

«O romance obriga desde logo a pensar Portugal, ao confrontar o leitor com o tempo colectivo no qual se move a família Maia, ao longo de três gerações, o tempo liberal Português, desde a agitada época de 20 até àquele tempo de imobilidade Lisboeta, cronologicamente situado em 1887, que percorremos pela mão de Carlos e Ega nas últimas páginas do romance. E o subtítulo Episódios da Vida Romântica, ao repor a qualificação de romântico a esse tempo colectivo, funciona de imediato como uma chave de leitura para o Portugal contemporâneo culturalmente uniforme.»,
— Isabel Pires de Lima, Colóquio Letras 

Eça de Queirós

Eça de Queirós nasceu na Póvoa de Varzim, em 1845. Estudou em Coimbra entre 1861 e 1866, formando-se em Direito. Depois de terminar o curso, começou a trabalhar como advogado em Lisboa.
Abandonou a carreira jurídica para fundar o jornal oposicionista O Distrito de Évora (1867), que redigiu praticamente sozinho durante sete meses. Apesar de não ter tomado partido na Questão Coimbrã, participou nas Conferências do Casino (1871), momento marcante da Geração de 70, onde pontificaram nomes como Antero de Quental, Oliveira Martins, Teófilo Braga, entre outros. Nesse mesmo ano, assinou com Ramalho Ortigão o folhetim mensal satírico As Farpas.
Em 1872, abandona o cargo de administrador do concelho de Leiria e ingressa na carreira diplomática, que prosseguirá até ao fim da vida. Exerce o cargo de cônsul em Havana, Newcastle, Bristol e Paris. Mantém a sua actividade jornalística, escrevendo crónicas e textos literários para várias publicações. Funda ainda, em 1889, a Revista de Portugal. Morre em Paris, em 1900.