MORTE E FICÇÃO DO REI DOM SEBASTIÃO - Tinta da China
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UMA INVESTIGAÇÃO INÉDITA QUE REVOLUCIONA A HISTÓRIA DO SEBASTIANISMO

Em 1578, Dom Sebastião morre na batalha de Alcácer Quibir. Logo no rescaldo da derrota, começam a gerar-se rumores sobre a sobrevivência do rei, com impacto indelével na memória colectiva dos portugueses. É a partir deste problema – a dificuldade de assimilação de uma derrota catastrófica na cultura nacional – que André Belo parte para uma apurada investigação sobre a morte régia, os processos de disseminação de rumores e a intrincada impostura sebastianista de Veneza, a mais célebre sob a dinastia filipina.

Mesmo entre historiadores de referência, prevalece uma certa relutância, quando não recusa, em afirmar taxativamente a morte de Dom Sebastião no campo de batalha. E no entanto não há sequer fundamento para hesitações: os relatos da contenda, escritos por diferentes testemunhas oculares, dão conta de um reconhecimento formal do corpo morto do rei pelos fidalgos portugueses cativos, oficializado por um juiz, também ele português. Vinte anos depois, porém, surge um «rei» Sebastião, na realidade um calabrês obscuro, cuja vida itinerante será suspensa nos calabouços venezianos. Ao longo de cinco anos (1598-1603), Marco Tullio Catizone alimentou paixões anticastelhanas, gerou facções e complexas manobras diplomáticas. E levou a sacrifícios duríssimos, ou não tivesse culminado com a condenação à morte do impostor. Terminado o caso, porém, o tempo continuou a alimentar a ficção.

André Belo

André Belo nasceu em Paris, em 1971. Cresceu e viveu em Lisboa, onde se licenciou e se tornou mestre em História. Doutorou-se em Paris, na École des Hautes Études en Sciences Sociales, com uma tese sobre a Gazeta de Lisboa e as notícias manuscritas em Portugal no século XVIII. Desde 2006, é professor no departamento de Estudos Portugueses da Universidade de Rennes 2 (Bretanha/França). Além de vários artigos sobre notícias e informação na época moderna, publicou As Gazetas e os Livros (2001) e História & Livro e Leitura (Belo Horizonte, 2002; 2.ª ed. 2013). Começou a interessar-se por questões de identidade social e cultural durante a época moderna com um estudo sobre a imagem dos negros no teatro ibérico dos séculos XVI e XVII. Depois, caiu com verdadeiro prazer no caldeirão do sebastianismo. Morte e Ficção do Rei Dom Sebastião é uma maneira de sair dele.