MUSA IRREGULAR - Tinta da China
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«Poeta do ‘tom menor’, como lembra Manuel Gusmão, Fernando Assis Pacheco seria avesso a que lhe publicassem uma ‘obra poética’. Em vez disso, recupera­-se aqui a colectânea e o imbatível título A Musa Irregular (1991), numa edição aumentada que inclui o livro auto­‑elegíaco e fescenino Respiração Assistida (2003) e um novo ‘lote de salvados’, ou seja, de inéditos e dispersos.
Tendo-se estreado em 1963, Assis publicou nessa década e na seguinte os mais memoráveis poemas portugueses sobre a guerra colonial, graves, sarcásticos, fraternos, amargos. Desconfiados da grandiloquência, são poemas­-reportagem sobre o torpor e o medo, sobre os companheiros de armas. A segunda metade da produção de Assis é marcada pela agilidade e a diversidade: poemas coloquiais, melancólicos, auto-irónicos, experimentais, afectivos, facetos, atreitos à quebra sintáctica e à corruptela ortográfica.
O jornalista Assis dedica­‑se a uma poesia da ocorrência, tanto quanto da experiência: os amigos partindo, os reencontros tristes, os avós galegos, a amada e os seis filhos, Campo de Ourique, a Coimbra estudante ou futrica, a lírica bucólica de Pardilhó. E o tempo que passa, o tempo que passou.»
— Pedro Mexia.

Organização de Abel Barros Baptista
Posfácio de Manuel Gusmão

Fernando Assis Pacheco

Fernando Assis Pacheco nasceu em Coimbra, em 1937. Licenciou-se em Germânicas, escreveu na Vértice e fez teatro no TEUC e no CITAC. Entre 1961 e 1965 cumpriu serviço militar em Portugal e em Angola. Jornalista de profissão, escreveu em diversas publicações (Diário de LisboaRepúblicaJLSe7eO JornalVisão) e colaborou com a RTP.
Publicou uma dezena de livros de poemas e plaquetes de circulação restrita, entre os quais Cuidar dos Vivos (1963), Catalabanza, Quilolo e Volta (1972, 2.ª edição 1976), Memórias do Contencioso (1980) e Variações em Sousa(1987). Em 1991 reuniu os seus poemas em A Musa Irregular, edição da Hiena. Respiração Assistida sai em edição póstuma, em 2003. É também autor de uma novela (Walt, 1978) e de um romance picaresco (Trabalhos e Paixões de Benito Prada, 1993).
Traduziu Pablo Neruda e Gabriel García Márquez. Postumamente vieram a lume livros de entrevistas e de crónicas, como as Memórias de Um Craque (2005). Morreu em Novembro de 1995, à porta de uma livraria de Lisboa.