NIETZSCHE E O ENIGMA DO MUNDO - Tinta da China

«Só há uma esperança e uma garantia para o futuro do humano: é que o sentido do trágico não morra.»
— Nietzsche, Considerações Extemporâneas IV

«Na vanguarda dos estudos nietzschianos, João Constâncio demonstra neste livro que a filosofia de Nietzsche superou e lutou contra o niilismo e contra o desespero que a ausência de uma verdade metafísica provoca. A sua constatação de que não existe verdade é integrada numa experiência dionisíaca de maravilhamento perante o enigma do mundo, em que se articulam o espírito crítico da ciência e o espírito afirmativo da arte.
Na fase da sua maturidade, a filosofia de Nietzsche torna-se uma ‘luta contra o niilismo’ e reflecte sobre a arte como o ‘contra movimento’ capaz de inspirar à filosofia um ideal contrário àquele que conduziu ao ‘niilismo europeu’. Este livro sustenta que tal reflexão depende de uma reformulação pós-metafísica do tema schopenhaueriano do enigma do mundo. Por um lado, esta reformulação permite à filosofia continuar a ser crítica (ou ‘ciência’, no sentido lato do termo), pois faz dela uma reflexão sobre a verdade fundamental a que a crítica conduz — a paradoxal verdade do niilismo mais extremo, a verdade de que não há verdade. Por outro, desloca o espírito crítico do contexto avaliativo da ciência […] para o contexto avaliativo da arte […]. Este deslocamento integra a descoberta da ausência da verdade numa experiência de amor ao mundo e de afirmação dionisíaca da imanência. É esta afirmação que, em última análise, está implicada quer na experiência do enigma do mundo como um maravilhamento com a incerteza e a ambiguidade da existência, quer na concepção do sentido do trágico como uma ‘garantia da união e da continuação do humano em geral’».

João Constâncio

João Constâncio nasceu em Lisboa em 1971. Licenciou-se em Filosofia na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, e doutorou-se em 2005, também na FCSH, com uma dissertação sobre Platão. Ensina no Departamento de Filosofia da FCSH desde 1996. Como membro integrado do Instituto de Filosofia da Nova (Ifilnova/ FCSH), dirige o Nietzsche International Lab (NIL).
As suas publicações incluem Nietzsche on Instinct and Language (org. com Maria João Branco, 2011), As the Spider Spins: Essays on Nietzsche’s Critique and Use of Language (org. com Maria João Branco, 2011).