
Uma investigação sobre o papel crucial que a rádio e o cinema do Estado Novo desempenharam na vitória da ditadura de Francisco Franco.
«O título deste livro, O Que Parece É, não foi inventado por mim, nem tão-pouco foi retirado de um anúncio publicitário. Trata-se de uma frase de Salazar, um dos muitos aforismos que ele tanto gostava de integrar no seu discurso e que serviam de slogans com enorme eficácia propagandística, funcionando como mandamentos explícitos para orientar as directrizes ideológicas do seu novo modelo político. […] O objectivo científico deste livro consiste em compreender o discurso salazarista no que diz respeito aos meios de comunicação, os quais ele considerava como um veículo de transmissão da ideologia, essencial para doutrinar a sociedade. […] Salazar acreditava que o controlo férreo da opinião pública portuguesa era a chave para fazer prevalecer os seus princípios políticos. Isso mesmo manifestou num dos seus discursos: ‘A verdade é que politicamente tudo o que parece é, quer dizer, as mentiras, as ficções, os receios, mesmo injustificados, criam estados de espírito que são realidades políticas: sobre elas, com elas e contra elas se tem de governar.’
Esta visão totalitária da sociedade portuguesa fez com que temesse o contágio ideológico através da Espanha democrática que nascera com a fundação da Segunda República, a 14 de Abril de 1931, um regime que poderia prejudicar o Estado Novo. A rebelião franquista de Julho de 1936 pareceu-lhe ser o melhor para Espanha e para Portugal. Por isso, era necessário prestar o maior auxílio propagandístico possível a Franco, de modo a difundir a verdade, a sua verdade.» (da Nota Prévia)
Alberto Pena
Alberto Pena (1970) doutorou-se em Ciências da Comunicação na Universidade Complutense de Madrid e é professor titular na Faculdade de Ciências Sociais e da Comunicação da Universidade de Vigo, na qual foi decano durante seis anos. Leccionou também em programas de mestrado e de doutoramento na Universidade Autónoma de Barcelona, na Universidade de Málaga, na Universidade de Santiago de Compostela e na Universidade Independente de Lisboa, e foi investigador convidado da Universidade de Coimbra e da Universidade de Lisboa, entre outras.
Escreveu vários livros e artigos dedicados à comunicação, com especial destaque para as investigações sobre a história da propaganda nas relações ibéricas e a ditadura salazarista, nomeadamente Salazar, a Imprensa e a Guerra Civil de Espanha (Coimbra, 2007), La Propaganda Franquista en Portugal y la Guerra Civil Española (Santiago de Compostela, 2000), Galicia, Franco y Salazar (Vigo, 1999) e El Gran Aliado de Franco (A Coruña, 1998). É também autor de Historia del Periodismo Portugués, publicado no volume Historia de la Prensa (coord. Alejandro Pizarroso; Madrid, 1994, Lisboa, 1996).
É presidente da Associação de Historiadores da Comunicação de Espanha e sócio-fundador do Instituto de Estudos Ibéricos e do Fórum Ibero-Americano de Estratégias de Comunicação.
Colaborou em órgãos de comunicação espanhóis como a TVE, a Radio Nacional de España, o Diario 16 e El Correo Gallego. Foi o único jornalista espanhol a acompanhar a missão de paz em Timor-Leste (1992), sobre a qual publicou diversas investigações. Os seus trabalhos jornalísticos e de investigação têm sido distinguidos com diversos prémios.