PARA QUE SERVE A HISTÓRIA? - Tinta da China
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PRÉMIO PEN ENSAIO 2013

«Os textos aqui reunidos são todos artigos curtos e incisivos, com o tom cortante da opinião a quente e para os quais o J´accuse de Zola não faria má epígrafe. Textos de intervenção mais à gauche, que exalam decepção com o presente, no qual Ramada Curto se põe como intelectual que faz política, que se expõe, que interfere, que quer fazer diferença, dentro como fora de sua seara de especialista. Trava seu combate filiando‑se aos cânones que comenta, ora mais contido, como Marc Bloch, ora às escâncaras, como Eric Hobsbawm. Tudo isso dá o sal polêmico do livro, que se declara ao começo “convite incómodo a fazer uma sociologia histórica das ciências sociais e da história”. Já o fim põe o leitor a matutar com a pergunta do título: Para que serve a história? A resposta, Ramada Curto a dá à sobeja nestas páginas como em toda a sua trajetória profissional: a história serve para provocar o dogmático, para desestabilizar convicções, para contaminar de curiosidade, para instigar à pesquisa, para produzir a inquietude, para inquirir o presente; serve, como este livro, de lancinante apelo à inteligência.»
— Angela Alonso

«Papá, para que serve a história?» — com esta simples pergunta, Bloch abria um dos mais belos livros de história de todos os tempos, Apologie pour l’histoire ou Métier d´historien. Colocada com a ingenuidade dramática de uma criança, a questão merece uma série de respostas subtis, que também Diogo Ramada Curto procura fornecer: a curiosidade por todo o tipo de actividades humanas; a vontade de conhecer a sociedade no seu todo e nos seus tempos múltiplos; sobretudo, o desejo de compreender a vida real, no seu quotidiano e nas suas práticas mais repetitivas, por oposição a uma concepção morta do passado, enterrado em museus, monumentos e manuais.
Mais importante ainda, o estudo da história faz parte das necessidades de formação de cidadãos politicamente conscientes, capazes de se baterem pelos seus ideais democráticos. Afinal de contas, como salientava Bloch, o regime nazi pôs a descoberto a irresponsabilidade de muitos intelectuais. A sua passividade e até o seu colaboracionismo frente a um regime feroz — fundado em interpretações históricas míticas ou totalmente falaciosas — traduziram-se numa incapacidade gritante para se dedicarem ao estudo da história e para se libertarem do peso do passado.
Para Que Serve a História? relança este debate cívico e intelectual e ao mesmo tempo questiona os vícios e a pobreza que, segundo o autor, imperam hoje nas universidades portuguesas.

Diogo Ramada Curto

Historiador, ensina desde 1981 na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. Foi professor visitante nas universidades de Brown, Yale e no King’s College de Londres. Entre 2000 e 2008, foi professor da Cátedra Vasco da Gama em História da Expansão Europeia, no Instituto Universitário Europeu (Florença).
Em 1988, co‑fundou a colecção Memória e Sociedade (Difel), que dirigiu entre 1995 e 2005 e onde fez publicar dezenas de títulos de história e ciências sociais. Em 2010, participou na criação da colecção História e Sociedade (Edições 70). É bibliotecário da Casa Cadaval. Escreve regularmente no jornal Público.