
«Green é sobretudo um flâneur perscrutador e baudelairiano, ‘propenso a certas formas de divagação’ que me parecem, vistas deste lado, milagres de escrita. […] A tradução de Carlos Vaz Marques é excelente: fluida, cuidada, com oportunas notas de rodapé.»
— José Mário Silva, Expresso
«Ficará para os exegetas da obra de Julien Green decifrar até que ponto terá sido relevante, para a relação do escritor com a cidade onde nasceu, o facto de ele ter querido manter-se estrangeiro nela até ao fim da vida. Estrangeiro, aqui, não é uma força de expressão, nem um recurso estilístico. Trata-se da descrição prosaica e factual do estatuto de cidadão norte-americano de que nunca abdicou. […] Mais do que um texto atravessado por uma melancolia que tem qualquer coisa já de despedida, Paris será, acima de tudo uma declaração de amor, um álbum de memórias e um guia poético e pessoalíssimo sobre uma cidade transformada em personagem central não só deste livro como da própria vida do seu autor.»
— Carlos Vaz Marques
Julien Green
Julien Green nasceu em Paris no ano de 1900. Romancista, dramaturgo e crítico literário, foi o primeiro escritor não francês a ser integrado na Academia Francesa, que lhe atribuiu, em 1971, o Grande Prémio da Literatura como reconhecimento pelo virtuosismo literário das suas obras. Os pais de Green eram americanos, mas, por motivos de trabalho, viveram durante vários anos em França. Julien Green foi combatente do exército francês durante a Primeira Guerra Mundial, antes de entrar para a Universidade da Virgínia, onde estudou Grego, Latim, Alemão, Literatura Inglesa e História. Em 1921-2 deu aulas nesta universidade.
O seu primeiro trabalho literário, um conto intitulado The Apprentice Psychiatrist, foi publicado na University of Virginia Magazine. Regressou a França em 1922, onde viveu durante vários anos, mas voltou para os Estados Unidos durante a Segunda Guerra Mundial, juntando-se ao exército americano. Após o fim do conflito, foi novamente viver para França.
Entre os romances de Julien Green contam-se Mont-Cinere (1926), Léviathan (1929), Si j´étais vous (1947), Moira (1950), Chaque homme dans sa nuit (1960), L´Autre (1971) e a trilogia Les pays lointains (1987). Escreveu também diversas peças de teatro, uma das quais, Sud (1953), foi adaptada para uma ópera com música de Kenton Coe. A autobiografia Memories of Happy Days (1942) foi o seu único livro escrito em inglês. É ainda autor de um grande número de ensaios críticos, nomeadamente de um importante artigo acerca do Ulisses, de James Joyce, e de uma biografia de São Francisco de Assis.
Paris é uma recolha de textos escritos por Julien Green entre 1943 e 1983, que morreu nessa mesma cidade, em 1998.