
Governou Portugal durante quase quatro décadas, mas nunca se deu a conhecer. A sua opção foi mesmo a de esconder tudo, de todos. O presidente do Conselho não prestava contas do que fazia, nem de como vivia.
Salazar acabou por ser afastado na sequência da queda de uma cadeira, no forte onde passava férias. Foi em Setembro de 1968. Operado de urgência ao cérebro, quase recuperou, mas dias depois sofreu um AVC. Esteve em coma, melhorou e voltou para a residência oficial do presidente do Conselho. Até morrer, quase dois anos mais tarde, ninguém ousou dizer-lhe que já não era ele quem mandava, numa farsa só possível num país dominado pelo medo e pela censura. O sucessor — Marcello Caetano — não conseguiu impor-se e, sem o seu fundador, a ditadura não sobreviveu muito mais tempo.
Este livro retrata um ditador singular, que defendeu um império do Minho a Timor mas nunca visitou nenhuma colónia, só saiu do país para se encontrar com Franco em Espanha e andou uma única vez de avião para ir ao Porto.
Escrito e investigado por três jornalistas, descreve também o Portugal triste e pobre daquela época, apoiado em mais de uma centena de testemunhos, revelando episódios até agora desconhecidos sobre a governação de Salazar e a sua vida.
António Caeiro
António Caeiro nasceu em Moscavide em 1949, filho de pais algarvios. Começou a trabalhar aos 16 anos, numa companhia de seguros. No dia 25 de Abril de 74 estava em Paris, exilado. Jornalista profissional desde 1975, com experiência na imprensa escrita e na rádio. Ingressou em 1978 na agência noticiosa portuguesa ANOP, antecessora da Lusa, onde trabalhou até ao Verão de 2015. Foi correspondente em Cabo Verde (dois anos) e depois em Pequim, onde viveu 19 anos. Colabora regularmente com o semanário Expresso. É autor de três livros sobre temas chineses: Pela China Dentro (2004), Novas Coisas da China (2013) e Peregrinação Vermelha (2016). Em 2018, com José Pedro Castanheira e Natal Vaz, publicou A Queda de Salazar: O princípio do fim da ditadura.
José Pedro Castanheira
José Pedro Castanheira (Lisboa, 1952) é jornalista profissional desde 1974. Tem formação em Economia e uma pós-graduação em Jornalismo. Trabalhou em jornais como A Luta, O Jornal e, durante 28 anos, o Expresso. Foi presidente da direcção do Sindicato dos Jornalistas. Tem-se dedicado à grande reportagem e ao jornalismo de investigação, e ganhou alguns dos mais prestigiados galardões atribuídos em Portugal. É autor de uma dezena de livros, nomeadamente Quem Mandou Matar Amílcar Cabral? (1995, editado também em Itália e França); A Filha Rebelde (com Valdemar Cruz, 2003, editado também em Espanha e que deu origem a uma peça de teatro e a uma série televisiva); Os Dias Loucos do PREC (com Adelino Gomes, 2006); e Jorge Sampaio: Uma biografia (2 vols., 2012/2017). Na Tinta-da-china, publicou A Queda de Salazar (com António Caeiro e Natal Vaz, 2018), Olhe Que Não, Olhe Que Não! (com José Maria Brandão de Brito, 2020) e Volta aos Açores em 15 Dias (2022), um diário de bordo que foi a sua primeira incursão fora dos quadros do jornalismo e que foi distinguido com o Grande Prémio de Literatura de Viagens APE — Maria Ondina Braga. Integrou o júri das Bolsas de Investigação Jornalística, concedidas pela Fundação Calouste Gulbenkian.
Natal Vaz
Natal Vaz (Lisboa, 1950) é licenciada em Filologia Germânica pela Faculdade de Letras de Lisboa. Entrou para a redacção do diário A Capital em 1972. Foi cooperante em Cabo Verde, na revista Mudjer (1984-85). Trabalhou no jornal Página Um, na ANOP e, desde 1987, na agência LUSA, onde foi editora-adjunta das secções África e Internacional, bem como redactora principal. Integrou a direcção do Sindicato dos Jornalistas, o extinto Conselho de Imprensa e a Comissão da Carteira Profissional de Jornalista.