
A GUERRA COLONIAL ATRAVÉS DA CORRESPONDÊNCIA DE QUEM A VIVEU
Em 13 anos de Guerra Colonial, de Angola para Portugal, de Portugal para Moçambique, de Moçambique para a Guiné, entre namorados, pais e filhos, amigos e camaradas de armas, circularam milhares de cartas, com o correio entre as colónias e a metrópole chegando a atingir dez toneladas por dia.
Estas missivas emprestam perspectivas e sensibilidades pessoais a um conflito de carácter global, composto também por episódios privados de ciúme, saudade, medo, aborrecimento, racismo, resignação ou revolta crescente. Aqui representadas por 16 acervos, com cerca de 4400 cartas e aerogramas, estas são as histórias dentro da História, neste caso escrita por quem a viveu.
«Entramos com o pé direito, pois matámos quatro turras e três dos quais foram mortos pelo meu grupo, por conseguinte para recompensa já tive que entrar com duas grades de cerveja para a rapaziada.»
«Batemo-nos em três frentes, contra povos que há séculos subjugamos e mantemos na mais estrita miséria, numa luta sem glória e de resultados duvidosos. Vi tombar homens ao meu lado e não pude calar esta palpitante interrogação: quem lucra com estas mortes, qual a utilidade de mais uma vida perdida? Quantas vezes cerrei os dentes de raiva, continuei em frente, mas mesmo assim sem convicção…»
Joana Pontes
Joana Pontes licenciou-se em Psicologia pela Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de Lisboa, fez estudos em cinema na Escola Superior de Teatro e Cinema de Lisboa, e em televisão na RTP e na BBC. Em 2003, concluiu o Programa Avançado em Jornalismo Político no Instituto de Estudos Políticos da Universidade Católica de Lisboa. Em 2018, doutorou-se em História na especialidade de Impérios, Colonialismo e Pós-Colonialismo, pelo ISCTE-IUL. De 2004 a 2008, foi assessora da Direcção de Programas da RTP para a área do documentário.
Dedica-se à escrita e realização de documentários, leccionando nessa área na Escola Superior de Comunicação Social. Recebeu, em 2007, o Grande Prémio da Lusofonia atribuído ao documentário O Escritor Prodigioso, filme sobre a vida de Jorge de Sena. Em 2011, com a longa metragem documental As Horas do Douro, em co-autoria com António Barreto, recebeu o prémio da SPA. Em 2018 foi distinguida com o prémio Fernando de Sousa pela realização e co-autoria da série Europa 30. Foi membro da direcção da Liga dos Amigos do Arquivo Histórico Militar. Entre 2013 e 2015, foi membro do júri do Instituto do Cinema e do Audiovisual.