
O DIÁRIO DE LUATY BEIRÃO, ÍCONE DA LIBERDADE EM ANGOLA
Sou eu mais livre, então
na solidão do meu degredo,
do que tu que vives preso
à escravidão do medo.
Em Junho de 2015, Luaty Beirão e outros 16 activistas foram detidos em Luanda por estarem a ler uma adaptação do livro Da Ditadura à Democracia, de Gene Sharp, e por questionarem publicamente a liderança de José Eduardo dos Santos. A história correu mundo, e provocou revolta contra a atitude despótica do regime angolano.
Na prisão de Calomboloca, Luaty Beirão iniciou uma greve de fome que durou 36 dias e o deixou em perigo de vida. Antes, manteve um diário, escrevendo para preservar a sanidade mental. Estes escritos, que chegam a público pela primeira vez, são um testemunho único da resistência em pleno século XXI.
INCLUI ENTREVISTA DE VIDA CONDUZIDA POR CARLOS VAZ MARQUES, ONDE FICAMOS A SABER COMO LUATY BEIRÃO SE TRANSFORMOU NO «INIMIGO DO MEDO», NO «KAMIKAZE ANGOLANO».
Luaty Beirão
Luaty Beirão (1981) nasceu em Luanda e tem nacionalidade angolana e portuguesa. Licenciado em Engenharia Electrotécnica pela Universidade de Plymouth, Reino Unido, e em Economia e Gestão pela Universidade de Montpellier, França, destacou‑se pelo seu trabalho enquanto músico. No universo do rap, onde é conhecido por nomes artísticos como Brigadeiro Mata Frakuxz ou Ikonoklasta, já colaborou com os artistas Batida ou Ngonguenha, tendo participado ainda no documentário É Dreda Ser Angolano. O facto de ser filho de João Beirão, primeiro director da Fundação Eduardo dos Santos, não o impediu de se tornar um dos nomes mais conhecidos do actual activismo político angolano e de ter estado no início do que é conhecido como movimento Revu – movimento cívico de luta pela democracia e liberdade que tem promovido manifestações, encontros e debates, os quais deram origem à sua detenção, a 20 de Junho de 2015. Vive em Luanda com a mulher e a filha.