
PRÉMIO LITERÁRIO FUNDAÇÃO INÊS DE CASTRO 2017 «Um poeta português escreveu que ‘ainda não é o fim nem o princípio do mundo calma é apenas um pouco tarde’. Logo no título, e depois no texto inicial, a segunda colectânea de poemas de Rosa Oliveira questiona a recepção do livro anterior, catalogado como ‘tardio’. Quem sabe ou que é ou não tardio, que tempo ainda nos está destinado? Um certo tom áspero é confirmado pelas sucessivas citações e alusões: as nasty songs de Dylan, os símios de Kafka, a Bovary entediada, os case studies de Freud, a incompreendida professora Brodie, a veemente Gena Rowlands. Sarcásticos, os poemas invocam grandes figuras da ‘teoria’, Bakhtin et caterva, que parecem estar na origem de uma certa ideia de desencantamento do mundo. E determinados ‘rapazes’ transformam-se em alvo de uns quantos ‘ditos enigmáticos’ e ‘ironias amargas’ que Rosa Oliveira foi buscar a O’Neill. Os poemas de Tardio querem-se cépticos, de ‘alto saturno’; mas são também lúdicos nos achados verbais, ‘sentimentais’ nas evocações domésticas, descritivos mesmo quando cifrados: ‘não podemos ir além da descrição’.»
Rosa Oliveira
Rosa Oliveira nasceu em Viseu, em 1958. Publicou os ensaios Paris 1937 e Tragédias Sobrepostas: Sobre “O Indesejado” de Jorge de Sena. Foi leitora na Universidade de Barcelona e é professora no ensino superior politécnico.
Cinza, o seu primeiro livro de poesia (Tinta-da-china, 2013), foi galardoado com o Prémio PEN Clube Primeira Obra. Actualmente, vive em Coimbra com o filho.