TEREZÍN - Tinta da China
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«Não é possível imaginar-se um lugar assim, porque não é possível imaginar-se algo como Theresienstadt sem lá se ter estado. Não é sequer possível uma descrição autêntica. E nem mesmo aqueles que sobreviveram foram capazes, mais tarde, de imaginar Theresienstadt.»
— Daniel Blaufuks

As fotografias da exposição que venceu o prémio BESphoto, numa co-edição Steidl. Um livro dedicado à história do campo de concentração nazi Theresienstadt, na actual República Checa.
Inclui o filme em DVD.

«A primeira imagem que vi do campo de Terezín, que fica a uma hora de viagem de Praga, foi num livro do escritor alemão W.G. Sebald.
A impressão da fotografia é de má qualidade, uma imagem granulada, cinzenta e branca perto do final do livro, quase como uma fotocópia. Retrata um espaço que parece um escritório. […] A luz entra pelo lado esquerdo da imagem, de tal modo que nos apercebemos imediatamente da existência de uma janela defronte da porta, ainda que essa janela esteja fora da imagem. A luz recai directamente sobre a mesa vazia e as sombras no soalho de madeira são longas, dando a impressão de que a fotografia foi tirada ao final da tarde.
Segundo o relógio, são exactamente seis da tarde.»

 

Edition in English | The book includes a DVD of the film.

«The first image I saw of the Terezín camp, an hour´s drive away from Prague, was in a book by the German author W.G. Sebald.
The photograph is a badly printed , grainy grey and white image towards the end of the book, almost like a photocopy. It portrays a space that seems to be an office. […] Light is coming in from the left side of the image, in such a way that one immediately becomes aware of the existence of a window opposite the door, although it is outside the image. The light falls directly on the empty table and the shadows on the wooden floor are long, giving the impression that the picture was taken in the late afternoon.
According to the clock it is exactly six o’clock.»
— Daniel Blaufuks

Daniel Blaufuks

Daniel Blaufuks nasceu em Lisboa em 1963, numa família de refugiados judeus alemães. A sua formação dividiu-se entre a AR.CO, Lisboa, o Royal College of Arts, Londres, e a Watermill Foundation, Nova Iorque.
Fotógrafo, cineasta e artista plástico, tem trabalhado na relação entre fotografia e literatura, através de obras como My Tangier, com o escritor Paul Bowles. Mais recentemente, Collected Short Stories apresentou vários dípticos fotográficos, numa espécie de «prosa de instantâneos», um discurso baseado em fragmentos visuais, que insinuam histórias privadas a caminho de se tornarem públicas. A relação entre o público e o privado, a memória individual e a memória colectiva tem sido, aliás, uma das constantes interrogações no seu trabalho.
Utiliza principalmente a fotografia e o vídeo, apresentando o resultado através de livros, instalações e filmes. O documentário «Sob Céus Estranhos» tem sido apresentado regularmente por todo o mundo, nomeadamente no Lincoln Center, em Nova Iorque. Expôs no Centro de Arte Moderna (Fundação Calouste Gulbenkian), no Palazzo delle Papesse (Siena, Itália), na LisboaPhoto (Centro Cultural de Belém), na Elga Wimmer Gallery (Nova Iorque) e no PhotoEspaña (Madrid), onde o livro «Sob Céus Estranhos» recebeu o prémio de melhor edição internacional do ano de 2007. Neste mesmo ano foi galardoado com o Prémio BES Photo. Em 2011 expôs no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, e em 2014 no Museu Nacional de Arte Contemporânea, em Lisboa. É director de imagem da revista literária Granta em Língua Portuguesa, responsável pela escolha dos fotógrafos de cada nova edição.

http://www.danielblaufuks.com/