
«Em parte uma belíssima reconstituição histórica, em parte um filme policial de Kurosawa, uma obra original em todos os sentidos.»
— James Ellroy
Os escombros da devastada cidade de Tóquio, imediatamente após a Segunda Guerra Mundial. Um inspector que procura resolver os casos de homicídio e violação de várias raparigas.
A humilhação e as dificuldades de sobrevivência dos japoneses sob o governo dos Aliados, comandado pelo general MacArthur (1945-52). Um inspector atormentado pelas atrocidades humanas a que assiste, mas sobretudo pelas que ele próprio cometeu durante a ocupação da China pelo Japão. A fome, as doenças, as pulgas. A corrupção e os ajustes de contas. A face mais desconhecida da experiência vivida pelos japoneses no pós-guerra.
É neste cenário que decorre a história, baseada num famoso caso policial de 1945‑6, das investigações sobre Kodaira Yoshio, o serial killer que ficou conhecido como o Barba-Azul Japonês. O inspector Minami não desiste de procurar fazer justiça aos mortos, desvendando passo a passo os crimes, bem como a teia obscura de relações de poder que o rodeiam.
Tão intensa como o enredo é a escrita de David Peace, autor que já conquistou lugar de destaque no universo literário anglo-saxónico, tendo sido distinguido com diversos prémios e menções. O ritmo e os estados psicológicos que o autor nos impõe, a capacidade com que devolve existência a uma cidade e a um povo, fazem da leitura de Tóquio Ano Zero uma experiência vertiginosa e inolvidável.
David Peace
David Peace nasceu em 1967, em Yorkshire, Inglaterra. Em 1991 partiu para Istambul, onde leccionaria a língua inglesa. Em 1994, ainda como docente, mudou-se para Tóquio, cidade onde vive com a família. A sua infância e o seu imaginário foram marcados pelos crimes do «Violador de Yorkshire», que lhe aguçaram o interesse pelo universo criminal e policial.
É autor dos romances da série Red Riding (traduzidos em França, em Itália, na Alemanha e no Japão), e dos romances GB84 e The Damned Utd. Publicado em Inglaterra em 2007, Tóquio Ano Zero está traduzido em 14 línguas.
Foi distinguido pela revista literária Granta, em 2003, como «Autor-revelação». No ano seguinte recebeu o Prémio James Tait Black Memorial (ficção) e, em 2008, foi shortlisted para Autor do Ano do British Book Awards.