TÓQUIO - Tinta da China

UM ANO DE VIDA NO JAPÃO DO PÓS-SEGUNDA GUERRA MUNDIAL, UM PAÍS EM RUÍNAS, INTRIGANTE, PRONTO A RENASCER

«A 6 de janeiro de 1946 — quatro meses apenas após a assinatura formal da rendição japonesa —, o jovem diplomata Alberto Franco Nogueira chegou a Tóquio. Ao longo desse ano, anotou os seus dias no Japão num registo pessoal que evita os detalhes profissionais da missão de que vinha incumbido. Aos 25 anos, tinha sido colocado no seu primeiro posto no estrangeiro como delegado do Governo português junto das Potências Aliadas de Ocupação.
Utilizando uma escrita cinematográfica, vai descrevendo o confronto com um país exangue e ‘prostrado’, ‘um destroço’, mas igualmente com uma cultura milenar que desconhecia. […] e acaba por concluir estar ‘todo olhos deslumbrados para a realidade nova que me cerca’.»
— José de Freitas Ferraz, Prefácio

Alberto Franco Nogueira

Alberto Franco Nogueira nasceu a 17 de Setembro de 1918, em Vila Franca de Xira. Licenciado em Direito pela Universidade de Lisboa, foi figura política de relevo durante o Estado Novo, tendo-se notabilizado na carreira diplomática. Em Janeiro de 1946, pouco depois do fim da Segunda Guerra Mundial, é enviado para o Japão, onde permaneceu até 1950 como representante português junto do Alto Comando Aliado que ocupava o arquipélago. No final de 1946, requer autorização para casar com a luso-chinesa Vera Machado Duarte Wang. Mais tarde, foi cônsul-geral em Londres, onde esteve até 1958. É nomeado ministro dos Negócios Estrangeiros em 4 de Maio de 1961, cargo que desempenha até 6 de Outubro de 1969. Em 1963, é distinguido com a Grã-Cruz da Ordem Militar de Cristo e, em 1966, com a Grã-Cruz da Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito. Representou Portugal na NATO, na Assembleia-Geral da ONU, no Conselho de Segurança e visitou oficialmente vários países. No dia 28 de Setembro de 1974, foi preso sem culpa formada pelo Copcon e enviado para a prisão de Caxias, tendo sido libertado em 13 de Maio de 1975. Partiu então para o exílio, em Londres, onde esteve até 1981. Foi nesta cidade que redigiu, entre outros livros, a maior parte da biografia de Oliveira Salazar, publicada em seis volumes. Regressa a Portugal em 28 de Março de 1981, e morre em Lisboa, em 14 de Março de 1993.