TRABALHOS E PAIXÕES DE BENITO PRADA - Tinta da China
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«Uma labareda, saga ardente, acelera o coração, dá um nó nas tripas do leitor. Bem-haja!, como dizem os de Coimbra.»
— Jorge Amado

Benito Prada, filho de Filemón e Nicolasa, galego de Casdemundo, está ainda vivo em 1949 quando o generalíssimo Franco vem à Universidade de Coimbra receber o título de doutor honoris causa em Direito.
Se pudesse — expressão muito sua — esborrachava-o como quem esborracha uma mosca.
Para trás ficaram os seus trabalhos e paixões: a casa pobre, o pai afiador, as poucas letras aprendidas na Meiga de Ventosela, depois o salto para Portugal, a fortuna começada com uma carroça nas feiras, os amores, a guerra, o medo, a ira, tudo envolvido pelo manto da morrinha de que não pôde nunca livrar-se. Desses trabalhos e paixões nos fala aqui Fernando Assis Pacheco. E, recordando-se da velha picaresca aprendida nos clássicos do género, oferece-nos um romance exemplar, onde a História se transforma em estória e o humor não é mais do que uma disfarçada ternura por tudo aquilo que está vivo e mexe.

Fernando Assis Pacheco

Fernando Assis Pacheco nasceu em Coimbra, em 1937. Licenciou-se em Germânicas, escreveu na Vértice e fez teatro no TEUC e no CITAC. Entre 1961 e 1965 cumpriu serviço militar em Portugal e em Angola. Jornalista de profissão, escreveu em diversas publicações (Diário de LisboaRepúblicaJLSe7eO JornalVisão) e colaborou com a RTP.
Publicou uma dezena de livros de poemas e plaquetes de circulação restrita, entre os quais Cuidar dos Vivos (1963), Catalabanza, Quilolo e Volta (1972, 2.ª edição 1976), Memórias do Contencioso (1980) e Variações em Sousa(1987). Em 1991 reuniu os seus poemas em A Musa Irregular, edição da Hiena. Respiração Assistida sai em edição póstuma, em 2003. É também autor de uma novela (Walt, 1978) e de um romance picaresco (Trabalhos e Paixões de Benito Prada, 1993).
Traduziu Pablo Neruda e Gabriel García Márquez. Postumamente vieram a lume livros de entrevistas e de crónicas, como as Memórias de Um Craque (2005). Morreu em Novembro de 1995, à porta de uma livraria de Lisboa.