TRIESTE - Tinta da China
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O ÚLTIMO LIVRO DE VIAGENS DE JAN MORRIS

«Em certo sentido, Trieste é uma súmula de todas as viagens de Jan Morris. Transforma-se no lugar de todas as projecções, ambições e desejos da escritora, que calcorreara o mundo inteiro. Porquê? Talvez porque, como anota desde o primeiro encontro, a cidade se oferece sem traço distintivo evidente como um lugar aonde se vai sem se saber bem o que se procura, como Joyce, que aqui veio parar nos primeiros anos do século XX para sustentar a família. Por isso, para tentar entender esta espécie de modestíssima anomia que define a cidade, Morris convoca todas as suas experiências e o seu labor de historiadora, para encher este lugar vazio com a forma da sua imaginação e o talento narrativo da sua prosa.»
— António Mega Ferreira, Prefácio

«O meu conceito confusamente agnóstico de uma vida depois da morte é também bastante triestino: uma mescla do alegre e do melancólico, do burguês e do conspirativo, do luxuoso e do reles, da viela e do entroncamento, do bravio e do respeitável, num lugar onde se fundem as amarguras, as esperanças e as memórias sublimes. Cidadãos de lugar nenhum, uni‑vos! Juntem‑se a mim em Trieste, a vossa capital, e juntos, no Molo Audace, havemos de contemplar o pôr‑do‑sol.»
— Jan Morris

Menção honrosa do Grande Prémio de Tradução Literária Francisco Magalhães APT/SPA 2022 para Paulo Faria

Jan Morris

Jan Morris recebeu ao nascer, em 1926, na pequena cidade inglesa de Clevedon, o nome de James Humphrey Morris. Apesar da identidade masculina, percebeu «aos três, talvez quatro anos», que tinha nascido «no corpo errado». Estudou história em Oxford e aos 17 anos ingressou, como voluntário, no Exército inglês. Mais tarde foi integrado no 9.º Regimento de Lanceiros, célebre pelo seu carácter de clube selecto entre a elite militar britânica. Foi como oficial do Exército que conheceu Veneza, imediatamente após a vitória dos Aliados na Segunda Guerra Mundial.
Depois de deixar a vida militar integrou a redacção do jornal The Times. Nessas funções, acompanhou a primeira expedição britânica a alcançar o topo do Evereste, em 1953. Mais tarde, Jan Morris diria que a experiência enquanto jornalista «arruinou para sempre» qualquer possibilidade de vir a escrever ficção. Apesar disso, publicou dois romances e uma colectânea de contos. Publicou o primeiro livro, na sequência de uma visita aos Estados Unidos da América, em 1956. Daí em diante, escreveu relatos de viagens, livros de história e ensaios. No início dos anos 60 iniciou um tratamento hormonal, num longo período de transição do sexo masculino para o sexo feminino. Essa transição seria concluída em 1972, com uma operação cirúrgica, em Marrocos. A partir de então, James Morris passou a usar o nome de Jan Morris. Continuou, no entanto, a viver na companhia de Elizabeth Tuckiness, com quem se tinha casado em 1949 e de quem teve cinco filhos. Filha de pai galês e de mãe inglesa, Morris vive no País de Gales, sendo adepta do nacionalismo republicano galês.
Foi distinguida com o doutoramento honoris causa por duas universidades galesas, a de Gales e a de Glamorgan.
Em 2008, o The Times incluiu-a entre os 15 maiores escritores britânicos do pós-guerra. Morreu em 2020, aos 94 anos, no País de Gales.