
MEMÓRIAS, QUOTIDIANO, RELAÇÕES – TUDO O QUE SE AGITA QUANDO SE ABRE UM LIVRO
Que pode haver em Goethe que remeta para a vida na Argentina durante a ditadura militar? Que ligação há entre O Vento nos Salgueiros e a nostalgia de um expatriado que sofre à distância com o desaparecimento de uma amiga? Será possível ler a invasão do Iraque em Dom Quixote? E que recordações paternas despertam num filho que lê Margaret Atwood 20 anos depois de perder o pai?
Quando se abre um livro, não se encontra só a história que está nas páginas. Associações, memórias, amigos, outras leituras, barulhos que chegam da rua, o lar, as notícias da aldeia e do mundo e até a identidade de quem lê, tudo se mistura no acto da leitura. Ao longo de um ano, Alberto Manguel regressa a 12 dos seus livros preferidos (mais um, Viagens na Minha Terra) e anota num registo diferente do habitual, mais íntimo, diarístico, mês a mês, essa ligação directa entre a literatura e a vida – uma ligação que qualquer grande leitor sabe que é impossível desfazer.
Edição com capítulo exclusivo escrito pelo autor a partir de Lisboa.
Alberto Manguel
Alberto Manguel (1948, Buenos Aires) cresceu em Telavive e na Argentina, e adoptou a nacionalidade canadiana em 1982. Aos 16 anos, trabalhava na livraria Pygmalion, em Buenos Aires, quando Jorge Luis Borges lhe pediu que lesse para ele em sua casa. Foi leitor de Borges entre 1964 e 1968. Em 1968, mudou‑se para a Europa. Viveu em Espanha, França, Itália e Inglaterra, ganhando a vida como leitor e tradutor para várias editoras. Editou cerca de uma dezena de antologias de contos sobre temas tão díspares como o fantástico ou a literatura erótica. É ensaísta, romancista premiado e autor de vários bestsellers internacionais, como Dicionário de Lugares Imaginários, Uma História da Curiosidade, A Biblioteca à Noite, Embalando a Minha Biblioteca, Com Borges, Uma História da Leitura e Um Diário de Leituras (publicados pela Tinta-da-china entre 2013 e 2022). Publicou em Portugal, em estreia mundial, o Livro de Receitas dos Lugares Imaginários (2021) e Guia de Um Perplexo em Portugal (2022). Foi director da Biblioteca Nacional da Argentina entre 2016 e 2018. Recebeu o Prémio Formentor das Letras em 2017. Actualmente, vive em Lisboa, onde dirige o Espaço Atlântida.