
VOLUME QUE REÚNE OS TEXTOS DE MADALENA DE AZEREDO PERDIGÃO (1923-1989), TRADUZINDO DE FORMA EMBLEMÁTICA O SEU PENSAMENTO, AS SUAS REFERÊNCIAS E A SUA CARREIRA
O presente volume recolhe um conjunto de textos de Madalena de Azeredo Perdigão (1923-1989). São documentos de natureza muito diversificada, em grande parte inéditos ou hoje de muito difícil acesso, e que traduzem de forma emblemática o seu pensamento e as suas referências, ao mesmo tempo que ilustram os passos fundamentais da sua carreira. Madalena Perdigão não era propriamente uma ensaísta para quem a reflexão, por si mesma, fosse um objetivo, e a sua escrita está sempre ligada ao combate no terreno pelas causas em que acreditava. As suas ideias estão, assim, essencialmente plasmadas nas propostas das atividades que desencadeou, nos projetos de lei que coordenou, e em artigos de opinião e entrevistas ocasionais que têm quase sempre uma perspetiva de aplicação prática imediata.
Esta edição recolhe alguns dos seus textos mais relevantes, em grande parte inéditos ou de difícil acesso, enriquecidos por notas de enquadramento que os localizam no contexto em que foram produzidos e por um rico suporte iconográfico. Fica assim bem patente a marca profunda que a sua autora deixou em toda a evolução das artes performativas — e, em geral, no panorama de fundo da vida cultural e artística — em Portugal desde a viragem para a década de 1960, com um impacto que ultrapassou em muito a data da sua morte e que em numerosos aspectos se projecta ainda nos nossos dias.
Madalena de Azeredo Perdigão
Madalena de Azeredo Perdigão nasce na Figueira da Foz em 1923. Licenciada em Matemáticas pela Universidade de Coimbra (1944), conclui o Curso Superior de Piano do Conservatório Nacional de Lisboa (1948) e aperfeiçoa os estudos de piano no Conservatório Superior de Música de Paris (1957). Em 1958, é convidada para chefiar a Secção de Música da Fundação Gulbenkian e torna‑se em 1960 a primeira directora do recém‑criado Serviço de Música. Programa 13 Festivais Gulbenkian de Música (1958‑1970). Foi responsável pela criação da Orquestra, do Coro e do Ballet Gulbenkian.
Casa‑se em 1960 com José de Azeredo Perdigão. Introduz em Portugal novos métodos de pedagogia musical, encomenda obras a compositores e intervém na recuperação do património musical português. Em Maio de 1974, demite‑se da direcção do Serviço de Música, bem como da presidência da Comissão de Reforma do Conservatório Nacional, para a qual fora convidada em 1971. Presidente da Associação Portuguesa de Educação Musical (a partir de 1977) e do Grupo de Trabalho para a Reestruturação do Ensino Artístico (1978‑1984). Regressa à Fundação Calouste Gulbenkian em 1984 como directora do ACARTE – Serviço de Animação, Criação Artística e Educação pela Arte. Cria o festival Jazz em Agosto, o CAI – Centro Artístico Infantil e os Encontros ACARTE. Morre a 5 de Dezembro de 1989.