VIAGEM À VOLTA DO MEU QUARTO - Tinta da China
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«Quando viajo no meu quarto, raramente percorro uma linha recta: vou da mesa até um quadro que está colocado a um canto; daí parto em diagonal até à porta; mas ainda que, ao partir, a minha intenção seja a de me dirigir para lá, se encontro a poltrona no caminho não estou com cerimónias e instalo‑me de imediato nela.»

«De Maistre parece dialogar com a famosa sentença de Pascal, que diz que toda a infelicidade dos homens resulta de não ficarmos quietos no nosso quarto. Só que um quarto não é um quarto, Turim não é Turim, a noite não é a noite. As viagens de Xavier de Maistre, como lembrou o seu irmão, são circum-navegações, mais sérias e consequentes do que possam parecer àqueles que se detenham no paradoxo cómico da viagem imóvel. Quanto à felicidade ou infelicidade das viagens num quarto, quem decide isso? Que cada um faça a sua, com estes textos, e depois sem eles.»
— Pedro Mexia

Xavier de Maistre

Xavier de Maistre (10 de Outubro de 1763 – 12 de Junho de 1852) nasceu em Sabóia, então parte do reino da Sardenha, na cidade de Chambéry. É sobretudo conhecido como escritor, embora tenha sido militar durante toda a sua vida. Irmão mais novo do filósofo e célebre contra-revolucionário Joseph de Maistre, Xavier cresceu numa família aristocrática. Em jovem, juntou-se ao exército de Piemonte-Sardenha.
Em 1790, escreveu Viagem à Volta do Meu Quarto, enquanto se encontrava em prisão domiciliária na cidade de Turim, na sequência de um duelo. Em 1792, o Piemonte é invadido pelas tropas revolucionárias francesas, e nessa altura De Maistre decidiu alistar-se no exército russo, onde alcançou a patente de general.
Em 1813, casou com Sophie Zagriatzky, parente dos czares, permanecendo na Rússia até à sua morte, em 1852.
Para além de Viagem à Volta do Meu Quarto (publicado em 1795) e da sequela Expedição Nocturna à Volta do Meu Quarto (publicado em 1825, mas escrito muitos anos antes), Xavier de Maistre escreveu ainda O Leproso da Cidade de Aosta (1811), La Jeune Sibérienne (1825) e Les Prisonniers du Caucase (1825).