«VIRAR TRAVESTI» - Tinta da China
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O PRIMEIRO RETRATO PROFUNDO DAS TRAVESTIS EM PORTUGAL

PRÉMIO APAV PARA A INVESTIGAÇÃO 2019

As travestis trabalhadoras do sexo são representadas no imaginário social como «aberrações»: pessoas «doentes», com personalidade instável, sexualmente «promíscuas», «violentas», que frequentemente se encontram envolvidas em roubos e drogas. São, no fundo, pessoas a evitar.

A difusão reiterada destes discursos, produzidos na sua maioria a partir de um contacto superficial com a realidade das travestis, tem tido um efeito profundamente estigmatizador, incitando o ódio, promovendo um clima de violência socialmente aceite, empurrando-as para territórios periféricos, marginais e ligados ao submundo.

Tentando contrariar esta tendência, ao longo de cinco anos, Nélson Alves Ramalho mergulhou no mundo da prostituição travesti para compreender as suas trajectórias pessoais, a sua identidade, os seus modos de vida e os processos de exclusão social a que diariamente estão sujeitas.

Nélson Alves Ramalho

Nélson Alves Ramalho nasceu em Lisboa, em 1981. Licenciou-se e doutorou-se em Serviço Social pela Universidade Católica Portuguesa e pelo Iscte-Instituto Universitário de Lisboa, respectivamente. É professor auxiliar na Universidade Lusófona, onde lecciona várias unidades curriculares no Instituto de Serviço Social. É assistente de investigação no Centro de Investigação e Estudos de Sociologia (CIES-Iscte), tendo escrito várias publicações sobre sexualidade, género, transgénero, trabalho sexual, pobreza, exclusão social e serviço social.

Activista pelos direitos humanos, colabora em projectos de investigação e intervenção social com trabalhadores do sexo. É membro da direcção da delegação de Lisboa, Tejo e Sado da Associação para o Planeamento da Família, e integra a Rede Sobre Trabalho Sexual. A sua tese de doutoramento, que deu origem a «Virar Travesti», foi distinguida com o Prémio APAV para a Investigação 2019.